VITOR QUELHAS. Entrevista: Viver com as fadas.
Notícias Magazine (11 de abril de 2004).
RESUMO DA ENTREVISTA
O texto é uma entrevista onde
o tema são os contos de fadas, e aborda a origem, a importância e as diferenças
entre fábulas e contos. Possui uma linguagem diretiva e objetiva, pois
explicita a importância que os mesmo representam do ponto de vista do
entrevistado, mostrando para nos leitores uma interpretação bem profunda de
como devemos enxergar esse universo a principio infantil e ao mesmo tempo
adulto, pois necessita do auxilio dos adultos para se tornarem pratica. Os
contos possibilitam um melhor entendimento acerca das problemáticas existentes
e permite que a criança sonhe, e ao mesmo tempo perceba o que realmente é
verdadeiro no seu cotidiano, por isso a preocupação do autor em manter viva a
tradição dos contos.
Os contos de fadas surgem a
partir da tradição oral, por isso existe uma relação de continuidade, porém
abordando uma linha de histórias mais deslumbrante, maravilhosa e mágica,
característica que a tradição oral não possui, pois é proveniente de narrativas
do imaginário mítico, religioso e simbólico da antiguidade, ou ainda de
narrativas populares de histórias imaginarias fabulosa. A tradição oral variava
de região para região, mas era sempre influenciada pela população, e o seu
caráter esta ligado ao que acontece no cotidiano ou a fábulas. Já os contos que
após serem reescritos se tornam histórias elaboradas e escritas que deixam de
ser apenas literatura oral das classes populares e rurais para ser cultura de
salão, pois com o acesso a alfabetização o conto começa a se tornar algo
concreto como livro, mas que deve ser interpretado e não lido. É caracterizado
por possibilitar a funcionalidade da imaginação de forma que a criança seja o
que quiser dentro da história contatada. Proporcionando a ambiguidade na
criança estabelecendo confrontos entre sentimentos positivos e negativos,
mostrando a criança o que é significativo para ela mesma. Os contos também
capacitam a criança a amar e respeitar as diferença, independentes do aspecto
físico, raça, gênero ou cultura, e também a lhe dar com as perdas, as maldades,
a crueldade e a morte de forma a entender que nada é para sempre que ciclos
começam e terminam.
O autor explicita de forma
objetiva a intenção de cada conto, diferentemente das fabulas que possuem uma
“Moral”, os contos propõem uma ética, ou seja, possibilita a criança uma
interpretação mais real da vida, das transformações, dos sentimentos e das
pessoas que não podem ser vistas apenas pelo que são ou possuem, mas pelo o que
existe além do exterior de cada um. Os temas são bons e ruins, pois a criança
precisa saber que apesar da fantasia existe uma realidade paralela que ela deve
aprender a lhe dar, e que assim como nos contos existem bruxas, mortes,
príncipes, felicidades e pessoas. É claro que não são da mesma forma que nos contos,
mas que através de interpretações diferenciadas são comparados e absorvidos bem
ou mal. Podemos ver no exemplo das madrastas dos contos de fadas, que muitos
transferem o sentimento de maldade para as madrastas da vida real e não é bem
assim, ou dos príncipes que não são tão perfeitos e lindos e nem dos sapos que
não são tão feios e asquerosos, tudo é uma questão de interpretação de cada um,
e por isso o autor fala que não devemos impor respostas, mas deixar que as
crianças julguem o que lhes são apresentados a partir de suas próprias
interpretações construindo o seu próprio conhecimento.
Por isso a importância de se
quebrar regras e disponibilizar tempo para contar contos, ler, aprender e por
em prática a interpretação não se apegando as leituras monótonas que não
influenciam em nada a vida da criança, normalmente os contos sempre tem um
problema que dá origem a história, porém o foco da criança não são os
problemas, pois elas não querem problemas, apenas soluções, daí a importância
de instigar a criança a criar e recriar suas historias a partir de seus sonhos.
A mediação das crianças e contos deve ser
envolvente utilizando a origem dos contos como a tradição oral, se vestindo de
personagens e interpretando em alto e bom som todos os personagens, inclusive
possibilitando que a criança faça parte da história como personagem que ela
escolher, ou quiser criar. A imaginação é o ponto principal e não existe
limitação, tudo pode e é possível e isso é que tornam os contos tão envolventes,
mágicos, encantados e deslumbrantes não só para crianças, mas também para
adultos, pois o faz de contas é valido para qualquer idade. É por isso que
existem tantos contadores de histórias nos dias atuais, para reacender a
vontade de ler, imaginar e sonhar que esta se perdendo num mundo tão
capitalista como o nosso.
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